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Alienação e manipulação 3.0

"O homem está alienado sua verdade não
condiz com sua realidade", (Karl Marx)

Atualmente estar conectado ao universo virtual é, para muitos, praticamente uma necessidade. Não basta apenas estar em uma festa ou degustar um delicioso prato se a foto com aquele filtro especial não tiver sido compartilhada.
Eu mesmo já fui pego por este vírus antissocial. As redes sociais ditam um novo e importante fenômeno de participação popular, de fiscalização e cobranças, mas também de ataques, alguns disfarçados de críticas, de brincadeiras, com ironia, outros diretos e certeiros, ou não.
Este fenômeno não pode ser ignorado, mas ao mesmo tempo não podemos ignorar seus efeitos negativos. Um deles é a fácil manipulação das massas, algo que vem sendo feito em diversos períodos da humanidade e para diversos fins. Goebbels, ministro da Propaganda do Reich, estaria muito “feliz” com o atual contexto de alienação e desinformação estabelecido pela instantaneidade, pela falta de apuração dos fatos e, principalmente, pela falta de interesse de muitos.
Este texto, por exemplo, não será lido por muitos daqueles que precisam participar deste debate. Isso mesmo. Textos ou "post´s" longos são deixados de lado. Se não tiverem uma foto bonita então...
Mas, voltando ao assunto principal, é preciso destacar que a falta de profundidade com que os temas são tratados essencialmente nas redes sociais, gera outra rede: de falsas informações. Essas informações, muitas vezes plantadas, até mesmo por equipes contratadas para esse fim, promovem virais. Temas que viralizam, se espalham e são aceitos quase que instantaneamente, por muitos, como verdades.
O efeito das correntes formadas por compartilhamentos e "likes" são os piores possíveis. Sem refletir ou ao menos pesquisar sobre o tema, o internauta assume o papel de cidadão-virtual e se vê no dever de compartilhar.
Na ânsia por "curtidas" multiplica informações falsas ou tendenciosas, na maioria das vezes plantadas para confundir. Mesmo assim acredita estar "fazendo a sua parte".
As correntes alienatórias abordam os mais diferentes temas, mas a política lidera o debate.
Temas polêmicos como o auxílio-reclusão, pago há mais de duas décadas e garantido pelo INSS, são "creditados" na conta do partido X ou do político Y. Como a intenção é denegrir os dados são sempre assustadores...
O valor mostrado no “post” é maior que o salário-minimo pago ao trabalhador, mas "esqueceram" de falar que é apenas o teto (valor máximo) e não um valor fixo. "Esquecem" de citar também a legislação que ampara tal pagamento ou quais são os beneficiados e o por quê.
Sem ao menos pesquisar o cidadão-virtual, muito preocupado e "fazendo a sua parte" compartilha, curte, comenta, divulga...
Outro ponto importante desse universo virtual são as denúncias. A participação popular, desde que feita de forma consciente é uma aliada, no entanto, da mesma forma que ocorre com as falsas correntes a necessidade de popularidade parece estar à frente da busca por soluções.

Há ainda aqueles que buscam os holofotes e postam as denúncias e pouco se importam com as soluções. Vale mais arrebatar comentários a buscar a resolução do problema.

 (*) Everton Santos é publicitário e jornalista (MTb Nº. 34.016/SP)

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