Pular para o conteúdo principal

Sacramentais e seu significado sagrado



“Quase não há uso honesto de coisas materiais que não possa ser
dirigido à finalidade de santificar o homem e louvar a Deus” (SC, 61).

Brilhantes ou discretos, grandes ou delicados, coloridos ou monocromáticos, o uso dos sacramentais é cada vez mais comum em nossas comunidades, seja entre os jovens ou os mais experientes.
Os formatos são diversos para atenderem a diferentes gostos, mas o seu uso tem a mesma finalidade para todos ou, pelo menos, deveria ser.
Mesmo fazendo parte da história da Igreja desde os primórdios do cristianismo, o uso dos sacramentais tem sido realizado, ao longo dos tempos, de modo inadequado por alguns católicos, que desconhecem seu significado e importância litúrgica e devocional popular.
Ao utilizarem sem conhecer o real significado desta prática devocional, os cristãos acabam utilizando-os apenas por moda ou como uma espécie de “superstição”, corrompendo seu propósito, como nos mostra o Sacrossantum Concilium.
A palavra Sacramental significa “semelhante a um Sacramento”, mas não podemos confundir com os Sacramentos (Batismo, Crisma, Eucaristia, Confissão, Unção dos enfermos, Ordem e Matrimônio), que foram instituídos diretamente por Jesus Cristo para conferir a graça santificante.
Instituídos pela Igreja, os sacramentais não conferem a graça à maneira dos Sacramentos. Objetivam o enriquecimento de nossa vida espiritual, despertando sentimentos de amor santo e de fé, nos abrindo à graça de Deus.
O Catecismo da Igreja Católica, confirma sua origem e significado no Capítulo IV, em seu Artigo I, Os Sacramentais: “A santa mãe Igreja instituiu também os sacramentais, que são sinais sagrados pelos quais, à imitação dos sacramentos, são significados efeitos principalmente espirituais, obtidos pela oração da Igreja. Pelos sacramentais, os homens se dispõem a receber o efeito principal dos sacramentos e são santificadas as diversas circunstâncias da vida (1667)”.
As formas de piedade dos fiéis e a religiosidade popular são expressadas por meio dos sinais sagrados instituídos pela Igreja, sendo eles de dois tipos: objetos (santo rosário, taus ou crucifixos, relíquias, peregrinações a santuários, medalhas, água benta, escapulários, procissões, a via-sacra, entre outros) e orações, presentes nas bênçãos (doentes, alimentos, casas, locais de trabalho, etc); nas consagrações (igreja, altar, criança após o Batismo, cônjuges, entre outras) e nos exorcismos.
Desta forma, a instituição pela Igreja de sacramentais busca aprofundar o relacionamento do fiel com Cristo, auxiliando nossa metanóia em busca da santificação de cada pensamento e/ou atividade cotidiana, como nos elucida o Catecismo da Igreja Católica:
1670. Os sacramentais não conferem a graça do Espírito Santo à maneira dos sacramentos, mas, pela oração da Igreja, preparam para receber a graça e dispõem à cooperação com ela. Para os fiéis bem-dispostos, quase todo acontecimento da vida é santificado pela graça divina, que flui do mistério pascal da paixão, morte e ressurreição de Cristo, do qual todos os sacramentos e sacramentais adquirem sua eficácia. Quase não á uso honesto de coisas materiais que não possa ser dirigido à finalidade de santificar o homem e louvar a Deus.
Extensões dos sete sacramentos, os sacramentais nos auxiliam a atingir a graça de Deus em todos os momentos, reconhecendo o Seu Senhorio sobre toda a nossa vida.
No livro intitulado Batismo (Coleção Sacramentos - Ed. Canção Nova), o Prof. Felipe Aquino nos mostra que a eficácia santificadora dos sacramentais é diferente dos Sacramentos, tem a sua força na oração da Igreja e das disposições da pessoa que recebe ou utiliza o sacramental.
Na linguagem teológica, os Sacramentais produzem seu efeito Ex opere operantis, depende da fé e da devoção do ministro e do fiel, pois é ação de Cristo (ex opere operato). Assim, para que haja frutos é necessária boa disposição e estar na intimidade de Deus para receber as graças com maior eficácia.
Felipe Aquino ainda nos alerta: não se pode exagerar o valor do sacramental, como se fosse um rito mágico ou um amuleto, superstição ou fanatismo. No entanto, não se pode desprezar o seu valor, pois o Concílio Vaticano II reafirmou sua importância e a sua necessidade.
Se os usarmos com espírito de fé, os sacramentais podem nos inspirar na busca por uma vida santa, em perfeita intimidade com Deus, promovendo a oração e o louvor, além de nos fortalecer nas batalhas espirituais e contra o perigo do pecado.
Os Sacramentais devem ser entendidos sempre como sinais visíveis de nossa fé e sinais de comprometimento e devoção, jamais como modismos ou superstição.
Que façamos uso consciente dos Sacramentais para termos acesso às muitas dádivas proporcionadas pela Santa Igreja e que estão à nossa disposição.

Comentários